quinta-feira, 26 de maio de 2011

A carta que nunca te irei enviar...

Foram cinco anos, cinco anos da minha existência, cinco anos passados a teu lado … três deles na casa que esta semana vou abonar … Apesar de estarmos separados a dois, é estranho, mas quanto mais vazia fica a casa, mais vazia me sinto eu.

Hoje sentei-me no sofá, e relembrei das nossas noites sentados lá, a ouvir música, a cantar, a conversar … de todos aqueles momentos em tinha a certeza que iria ficar para sempre do teu lado.
Recordei-me o coração que fizeste com moedas no meio da sala, em que no meio dizia: „ Amo-te! “
Das noites em que eu adormecia no sofá a espera que chegasses do trabalho, e que tu chegavas a meu lado, me beijavas com ternura e dizias:
-Vá, anda para a caminha, que daqui a umas horas tens que ir trabalhar …
Olhei o quarto, vi o peluche que me trouxeste quando estavas prestes a ir para Portugal passar uns dias:
-Pequenina, trouxe-te um lobo.
- Um lobo amor?
-Sim, para quando eu for não te sentires tão sozinha cá em casa, ele protege-te e não deixa ninguém cá entrar.
-Hum, m lobo mau queres tu dizer?
-Sim pequenina, mas shiuuu eu não lhe disse que eras o meu capuchinho.
Chamei-te de louco e beijei-te.
Do pedido do casamento, que jamais se realizou, em que eu nem hesitei a dar-te um sim, porque naquela altura achava que o meu amor por ti, era superior aqueles momentos de dor.
Lembraste da história dos velhinhos? Em que eles disseram que o que se precisava para um casamento feliz, era saber perdoar, e que nunca se deitavam sem pedir desculpa um ao outro, pelas desavenças que tinham tido ao longo do dia. Naquele momento nós olhamos-nos e saberíamos que iríamos fazer o mesmo …

Estas são algumas entre muitas recordações boas ficaram …

… mas quando passei pelo corredor, relembrei-me das lágrimas choradas todas as vezes em que o voltavas a fazer, relembrei-me das vezes que te implorei para não continuares, porque me irias matar ali …

Relembrei a última noite, de eu estar ali, imóvel, a espera que tudo acabasse, a espera de morrer … porque eu queria morrer naquela noite, queria fechar os olhos e dormir para sempre, para não ter que encarar que tínhamos chegado ao limite ….
Que desta vez, o fim com o qual tantas vezes ameacei, teria mesmo que chegar …

Foi naquela casa em que vivemos tanta coisa boa, que eu também vivi os piores momentos da minha vida …

A ferida que eu tenho, há alguns anos, voltou hoje a sangrar, mas sei que ao deixar para trás esta casa, é um passo para ela finalmente conseguir cicatrizar.


Adeus, meu ex-eterno amor … é nesta casa que vais ficar.

Sem comentários:

Enviar um comentário